Numa época dificil da minha vida, eu vivi num condomínio agradável. O sol aquecia a minha casa de manhã e durante o dia mantinha-se quente. O único ponto que não me agradava era a paisagem. Em frente à minha casa estava um prédio muito alto, que me impedia de ver o céu.
No entanto, uma senhora idosa via uma vista encantadora todos os dias ao acordar, dizia-me. Era invejada pela vizinhança. Passava os dias num café, e eu juntava-me a ela aos fim-de-semana.
Era uma pessoa interessante. Segunda-feira vestia um vestido vermelho, terça-feira um vestido verde, e assim sucessivamente. Ao domingo retomava a rotina. Explicou-me que o dia-a-dia é assim. Repete-se, mas todos os dias acontece algo de diferente, como a vida do lado de fora das paredes da sua casa. A senhora gostava de observar a bela avenida que se estendia diante dela. Os donos passeando os seus cães de manhã, o sol iluminando o dia, as pessoas atarefadas.
Gostava especialmente do Natal, quando via famílias, após um longo dia, sentarem-se em frente das suas janelas beberricando chávenas de chocolate quente. Observava o mundo do qual antigamente fizera parte. Contou-me um dia que a sua vida monótona preenchia-se com a agitação da linda avenida. E devo confessar que a minha também.
Nunca visitara a casa da minha amiga, realmente não conhecia o local de que ela falava.
Nunca visitara a casa da minha amiga, realmente não conhecia o local de que ela falava.
Mas pouco me importei, aquelas conversas sabiam-me tão bem. Ela e os seus relatos foram, sem quaquer dúvida, ajudas preciosas na recuperação da minha alegria.
Um dia, encontrei-a pela última vez no café habitual. Contou-me que iria mudar-se rapidamente para casa da sua filha, no Brasil."Quando acordei, a avenida estava encantadora. Tão fresca da chuva que caiu ontem. Será que soube que me vou embora e se pôs bonita para mim?" brincou. Despedi-me da minha amiga, que me tinha encantado e preenchido de alegria durante aquele tempo.
Pouco depois, casa foi comprada, e os vizinhos acorreram logo, tal como eu, para ver a linda avenida, com cães, sol, pessoas e chávenas de chocolate. Com os olhos a brilhar de expectativa, espreitei pelos cortinados da sala.
Só vi um prédio muito alto.
Só vi um prédio muito alto.
baseado no conto "A Janela"
Obrigada pelo comentario! Vou agora escrever um trend report...
ResponderEliminarCaso o mundo acabe amanha, quero só dizer que te adoro, agradeço tudo o que fizeste, peço desculpa e perdoo-te por tudo ;)
Bjs!
Muito obrigada pela força. Eu também sei que sim. Um feliz natal
ResponderEliminarAdorei o texto :)
O texto estava lindo.Adoreio :D
ResponderEliminarUm beijinho e um feliz natal.
Óh, muito obrigada. É uma fase irá acabar por passar.
ResponderEliminarTão distinto e tocante, gostei de verdade. As vezes não é a paisagem que fascina, mas os olhos que percebem a realidade que a torna fascinante. Beijoss
ResponderEliminaradorei!!
ResponderEliminarainda bem que gostaste :)
ResponderEliminarUm texto realmente lindo! Aquilo que os nossos olhos veem, depende de nós.
ResponderEliminarObrigada. Oh, eu gosto de tudo um pouco. Estava a pensar começar com um que acabei de ler, "antes de adormecer" de s.j. watson, conheces?
Depois logo ia vendo, desde romances a dramas, ficção e fantasia, entre outros. Desde que seja um bom livro, eu gosto. Tens alguma sugestão?
Obrigada querida, fico muito feliz.
ResponderEliminarAdorei, está lindíssimo!
Obrigada querida :) também sigo o teu blog e este texto está lindíssimo. Tens jeito.
ResponderEliminarBisous
Fica mesmo fofinho numa menina :3
ResponderEliminarC'est Vrai!
ResponderEliminarBisous
Nunca escrevemos demais, e agradeço imenso o teu comentário lindo. Nicholas Sparks é o meu escritor preferido, sem dúvida que a escrita dele me fascina e a forma como ele é capaz de descrever as nossas emoções e sentimentos mais profundos, considero-o isso tão único e raro. Nem todos são capazes de o fazer. Vou dar aqui a conhecer alguns dos que mais gosto dele, mas também quero variar um pouco para que não se torne algo "demasiado monótomo e previsível", se é que me entendes. Acho que nunca li "As Mil e Uma Noites", mas quem sabe se vejo o livro e acabo por o ler também. Penso que fábulas são para todas as idades, desde que as saibamos ler e ver o que elas nos ensinam.
ResponderEliminarVou esperar que a sondagem acabe (penso que é amanhã) e aí vou escrever um post a começar a rubrica, se conseguir. Até agora ninguém votou em "não gosto" por isso penso que é um bom sinal. Se quiseres ir dando a conhecer mais livros ou assim, já sabes (:
Em relação ao texto, é um pouco de imaginação com aquilo que sou, vivo e vejo os que me rodeiam viver. Penso que é uma mistura de tudo isso. Também acho isso, que quando sofremos deve chegar uma altura em que certas perguntas têm de ser feitas. Enfim, obrigada de novo, e um beijinho*