Reparara pouco naquele menino que viajava sempre no mesmo autocarro que eu. Quando subia cumprimentava-me e descia no hospital mais próximo. Tinha o aspeto de um menino bem cuidado, de boa família, modos agradáveis, e embora fosse pequenino, tinha uma expressão madura. Contudo, sem perder o olhar de inocência e alegria.
Quando descia do autocarro e este se afastava, observava-o, de sorriso no rosto. Todos os passageiros habituais o conheciam. Era a mãe doente que ía visitar - segredou-me uma senhora que habitualmente saia na última paragem da carreira para ir buscar o marido ao lar. E o menino continuava, e confesso que dava gosto, após um dia atarefado, observar aquele rapaz com um ramo de flores na mão para entregar à mãe.
Um dia, deixou de aparecer. A tal senhora contou-me, pesarosa, que a mãe falecera.
Não pude deixar de sentir alguma mágoa por saber que o rapaz não mais voltaria a descer naquela paragem nem veria mais a sua mãe. Passadas semanas, entrou ele pela porta do autocarro, sorridente, embora os seus olhos castanhos brilhassem com alguma mágoa.
Quisera despedir-se dos seus companheiros de viagem, contou-nos. Iria mudar de cidade com os avós, mas em breve voltaria. A mãe pedira-lhe para não chorar a sua morte, e como recebera uma educação religiosa, acreditava que ela estaria presente. Ainda hoje penso naquele menino e no tempo em que o via descer no hospital, sorridente, com um ramo de flores na mão.
Isto passou-se mesmo contigo? Que história linda :o
ResponderEliminarMas tu viveste mesmo isto?
ResponderEliminarMas que imaginação Rita :)
ResponderEliminarEu escondo o que sinto, por exemplo eu não estou bem mas estou smepre a rir-me e etc.
ResponderEliminarEste texto está lindo mesmo!! Eu arrepiei-me.
Que arrepios! A música e o texto, credo! Isto é mesmo verdade? Está fantástico, parabéns!
ResponderEliminarmuito obrigada, o teu blog também está fantástico!
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