"Demorei-me a contemplá-las, sob aquele céu clemente, a ver as borboletas esvoaçando por entre urze e as compânulas, a ouvir a brisa suave soprando através da relva e a pensar como poderia alguém imaginar, sequer, sonos agitados sobre aquela terra."
Emily Brontë

17 de fevereiro de 2013


Pingos de água salpicam o lago. Estava sereno. Agora o meu rosto desvanece-se e perde a nitidez nos circulos que se formam e o deformam.
    Uma mão cremosa e macia aperta fortemente o meu coração e dele se despede, sem se comover com clara angustia que me esbranquiçara a íris. Deita-se e acena num triste adeus que envolve os meus olhos.
    O lago sorri-me enquanto a minha boca prova uma transparência doce mas perturbante. Sinto um bafejo gelado nos meus cabelos que esfria as minhas orelhas e repete que vai embora. Deixa-se desfalecer na água com um sorriso dissimulado. Numa ação subdita lanço-me também mas não consigo tocar em nada.
   A água calma dança no meu corpo num movimento angustiante. O meu rosto cobre-se de sonolência e sinto-me débil. A minha voz já não ecoa na àgua. A mão acena uma última vez antes de desaparecer no penhasco, e os seus lábios brotam uma expiração longa, um pedido de perdão.

3 comentários:

  1. r: obrigada anjo e sim, é aquilo que eu sinto. enches-me o coração.
    escreves de uma maneira soberba e as tuas palavras entram no meu coração como folhas que voam no outono. nunca me desiludes e eu adoro ler-te.

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  2. Obrigada pelo teu comentário.
    Também gostei do teu texto.

    Beijinhos ;)

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