Enquanto jovem,
sempre se considerou um homem bom. Um homem preocupado, bastante atento e
talvez um pouco ingénuo, por vezes. Sempre sorridente, cada frase que dizia era
acompanhada por uma palavra simpática, e sincera, é claro. Estava sempre acompanhado,
pudera, com aquela frescura e alegria não havia quem não tudo fizesse e
dissesse para estar com ele e receber da sua atenção.
Porém, os anos passaram,
e ele tornou-se um homem sério, contido com as amizades que fazia e com o que
dizia. Pequenas rugas se formaram lentamente à roda dos seus grandes olhos azuis,
e o seu corpo que costumara ser forte e robusto, enfraqueceu. Tornou-se mais
calado, apenas falava quando julgava que o que iria dizer teria interesse para
os restantes. Com o passar do tempo, tornou-se um homem angustiado pela solidão.
Não casara, não tivera filhos, e, devido a ser pouco apreciador de espaços
apinhados, não tinha amigos. Aqueles a quem ele podia chamar de família viviam
no estrangeiro, parentes afastados, cada um com a sua vida.
Estava só. Estava
só, e sabia-o.
Vivia num bairro, rodeado de pessoas, umas simpáticas, outras
não tanto. Mas isso não o preocupava, nem tão pouco ocupava os seus pensamentos
e reflexões. Não gostava de tecer opiniões sobre as pessoas sem as conhecer, e
como não as conhecia, não tinha. Mas todas elas reparavam nele. Um pobre
senhor. Amável, embora demasiado calado para a idade - diriam umas. Desinteressante e pouco simpático
- diriam outras. Mas ele não as ouvia, a sua audição, tal como os seus outros
sentidos, já não era a mesma.
Ele estava só. E essa solidão era vivida por ele
apenas, mas à sua volta permanecia um enorme grupo de pessoas. Os seus dias
eram passados rodeados de conversas, de risos, de sorrisos, de relatos de
viagens e de vidas.
Mas ele estava só. Ele caminhava, mas não sabia o caminho. Sentia
a sua pele roçar com outras, sentia-se empurrado, diversas malas pesadas
embatiam contra as suas pernas curtas, seguidas de um pedido de desculpas
apressado. O homem caminhava, sem sequer levantar os olhos do chão. Caminhava, mas não para poupar gasolina, nem para chegar mais rapidamente à
escola ou ao emprego.
Caminhava para passar o tempo, caminhando
infinitamente numa estrada onde os seus passos de nada valiam. Eram apenas
passos, e não eram eles que o fariam chegar mais rapidamente àquele grande
portão, aquele portão que fazia a passagem para um mundo chamado felicidade, um
portão que cada vez lhe parecia mais longínquo.
Ai gostei muito **
ResponderEliminarObrigada minha querida**
ResponderEliminarAinda bem, obrigada !
EliminarAdorei o teu blogue, estou a seguir, segues o meu também?
ResponderEliminarObrigadaa c: fui ver e amei o teu, sigo *
Eliminarque lindo :o . gosto muito do teu blog, vou-te seguir. beijinho :)
ResponderEliminarOiin, obrigada. Fui ver o teu, escreves muito bem, segui também c:
Eliminarbeijinhos
escreves muito bem, gostei muito! :)
ResponderEliminar-segui :)
http://acidadedeovar.blogspot.pt/