"Demorei-me a contemplá-las, sob aquele céu clemente, a ver as borboletas esvoaçando por entre urze e as compânulas, a ouvir a brisa suave soprando através da relva e a pensar como poderia alguém imaginar, sequer, sonos agitados sobre aquela terra."
Emily Brontë

25 de janeiro de 2013




Olhei para o seu rosto, sujo do carvão, riqueza do maior cume que atravessámos. Os seus olhos eram vermelhos, ardentes e expressivos. As suas mãos compridas e os braços robustos. O seu espírito lembra-me uma cavalariça desimpedida, cavalos correndo pelo mato com os corações batendo fortemente. Luxuosos cavalos a correr livres, intocáveis, inabaláveis. Os seus lábios são estrelas marinhas, esvoaçam belamente pelas perigosas ondas. O seu cabelo é selvagem como os animais que enfrenta, é um valente guerreiro que corre sozinho enfrentando a multidão.
Durante tempos infindáveis vimos o céu desabrochar com o amanhecer. O nosso consolo era o cheiro do céu rosado das dormidas ao relento. Através de caminhos sombrios percorremos montanhas mortas. As nossas mãos estavam já sujas de terra e as nossas mentes perturbadas e loucamente controladas pelo nosso desejo de vitória. Estavam também queimadas das fogueiras que acendemos pelo caminho. As chamas ercarlate escaldavam-nos e consumiam-nos.
Vivemos na penumbra da noite, e até a madrugada me magoava o coração, até que deixei de o sentir. O nosso espírito endureceu-se e a cada dia perdiamos um fio de esperança do cobertor que nos aquecia, quando as gélidas manhãs se tentavam apoderar dos nossos corpos. O calor que tínhamos perdia-se pouco a pouco e os nossos olhos iludiam-se com novas miragens de cursos de água cristalina. Foram incontáveis os momentos em que desejámos não ter embarcado na aventura que nos aniquilaria com a sua fortaleza, nos enforcaria com a sua energia e solidez.
As nossas pernas esmoreciam e a cada passo entregávamo-nos a um mundo onde os nossos esforços de nada valeriam.
Pelo caminho o coração dele sumiu. A sua alma foi apagada como uma vela soprada pelo vento.
Ao acordar da madrugada cheguei ao meu destino. Uma luz intensa contou que estava perto. Caminhei e lá cheguei.
Toquei e chorei. Uma fadiga triunfante preencheu-me, deitei-me na terra e aclamei aos céus.
Sorri, e já sem forças, exalei o meu último suspiro.

10 comentários:

  1. Não é de todo ingénua, ela já percebeu que o Todd não é homem para ela, simplesmente não quer contar isso aos amigos para já, mas ela já sabe que o Todd não a merece. A Catherine veio-se a revelar uma óptima pessoa, obrigada pelo teu comentário e fico contente por estares a gostar :)

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  2. será que me podes fazer um favor? passa pelo meu blogue e visita o separador "és o melhor de mim" e dá a tua opinião clicando em "gosto muito" ou qualquer uma das outras opções, por favor (:
    obrigada, e já agora, se gostares do blogue podes seguir-me que eu sigo toda a gente de volta (:

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  3. Gostei imenso do teu texto Rita. Quanto mais escreves mais me impressionas com os teus talentos, únicos, criativos e originais. Espero que este comentário sirva de apoio para me continuares a impressionar. Beijinhos!

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  4. Muito bem escrito! O tipo de descrição que nos faz viajar para um mundo onde as palavras se tornam mais que belos textos, e sim histórias verdadeiras, que podemos sentir tão perto como a brisa fresca da manhã :)

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  5. Que maneira tão íntima e envolvente de escrever. As palavras tão facilmente colocadas em seu lugar e expressas com uma maestria incomum. Gosto em demasia de descrições. E você descreve com uma força e com as palavras certas que fazem a gente ver cada cena com perfeição. Muito obrigado por comentar em meu blogue, e por encontrar-me. nesse universo tão vasto. Dessa maneira posso ser abençoada por ler essas palavras tão lindas, tão cheias de profundidade. Amo muito a sua escrita, e te dou a minha admiração por conseguir me cativar de modo completo. Um abraço caloroso para dois corações quentes! :D

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  6. Obrigada pelo comentário rita. Sem ti eu não teria conseguido alcançar o meu gosto pela escrita. Foi contigo que despertou esta inspiração na minha alma, só contigo, uma amiga muito especial, é que alguém consegue atingir determinadas metas. Não sei o que faria sem ti! Obrigada mais uma vez pelo comentário, BJS

    Rosarinho

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  7. Muito, mas mesmo muito obrigada pelo teu comentario princesa. As tuas palavras significaram muito para mim. <3 Li este teu post e sou obrigada a retribuir o elogio que me fizeste. Tens uma escrita poética, rica, complexa. Parece que ja escreves ha muito tempo e conseguis-te fazer com que eu me agarra-se ao texto, desde a primeira linha ate ao final.

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  8. Ritinha,
    indiquei você para um selo de comentarista gracioso lá no blogue, espero que gostes, beijo flor!

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  9. Rita, adorei o teu texto, está meso muito bonito.

    Adoro.te

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